Mavambo é um Nkisi cultuado em muitos Candomblés Angola e Congo
como guardião dos caminhos. Esse Nkisi é uma Divindade que gosta de andar, não
fica por muito tempo parado, é um Nkisi que acompanha Nkosi nas estradas e
florestas, esta envolvido com a paz, mas para que a paz reine na comunidade,
ele tem que lutar contra o individuo obsessor que esta tirando a harmonia da
comunidade.
Segundo alguns candomblecistas, Mavambo é conceituado como o senhor
do barro, um conquistador. É acreditado ter-se originado dos sonhos de Nkosi
quando em suas andanças, Nkosi parava para descansar, dormir, onde nasceu um
montículo de barro por baixo da cabeça de Nkosi. Pela manhã ao cantar do galo
três vezes, nesse mesmo monte, a cada dia surgia um Mavambo com o proposito de
vigiar os caminhos dominados por Nkosi.
Mavambo foi fonte de estudos do Sergio Adolfo, mas não sendo muito
feliz por conta da escarces de fontes bibliográficas, não encontramos nada em
seus estudos relacionado ao Nkisi Mavambo. Mas pesquisando sobre os povos do
grupo Ambó ou Ovambo, povo esse de origem Bantu, encontro na palavra Ovambo uma
semelhança na fonética com a palavra Mavambo, mas a coincidência não para por
ai, ela também adentra tanto pela historia desse povo quanto na historia do Kongo.
O grupo Ambó ou Ovambo
ocupa um extenso território ao sul de Angola. De acordo com CARLOS DUARTE, a
origem do termo “Ambó” perdeu-se no tempo, mas, foram designados pelos Donga,
os “Ova-Donga” (povos localizados a norte da Namíbia), que a forma correta do
termo “Ambó” é “Ova-Mbo”, que foi sofrendo alterações até chegar a Ambó. Entre
as suas populações, os Ambó da região da Angola, o subgrupo que mais se
destaca, é o Kwanyama (Cuanhama) e o Kwamatwy (Cuamatui), pelo valor de
guerreiros e pelo poder econômico adquirido.
A família Ambó
(Ova-Mbo), ou seja, os subgrupos do lado da Namíbia (antigo sudoeste africano)
se encontram os Kwambi, Onga, Gandgela, Lolocktsy Gunda e Kwaluty; os do lado
da Angola encontram os Kwamatwy, Dombola, Evale, Kwanyama e Kafima.
Mesmo que o grupo
Ovambo seja descartado por muitos leitores, como origem da palavra Mavambo ou
sendo os povos que cultuaram a Divindade Mavambo, decidimos prolongar,
acrescentamos a palavras MAVU, cujo significado é barro ou terra, que
encontramos no Dicionário Kimbundu-Português da Fatima Katulembe, como uma das
origens. Pois essa palavra é facilmente encontrada nas Mimbu desse Nkisi.
A palavra Mavambo, como
pode observar a sua fonética, é muito próxima da palavra Ovambo do grupo Ambó
ou Ova-Mbo. E decidimos analisar se sua origem também possível encontrar na
cultura Kongo e estudarmos a origem da palavra Mavambo nesse território de
linguagem totalmente diferente as do povo Ova-Mbo, cuja linguagem é o Kikongo,
para chegarmos á uma conclusão, se descartamos ou não, o conceito de Ova-Mbo
ser uma das principais origens da palavra Mavambo.
No Reino do Kongo, é
encontrado títulos de chefes, eles são Mani, Ntotila, Mwene e Ntinu, mas aqui
focaremos apenas no titulo Mani como proposito de nossas pesquisas.
Segundo Patrício
Batsikama “no pensamento Kôngo, o Senhor de Mbânza- Kôngo é, antes de mais, um
chefe, representante dos Ancestrais e eleitos pelos Makôtas mais velhos”
(2010:
p;106,107).
De acordo com Batsikama, MANI deriva de:
mânika:
estender, pôr no teto, pôr cima ou expor algo a vista (dos clientes, por
exemplo); mânina: findar, esgotar; mânisa: terminar, acabar uma obra, acabar
completamente uma obra.
O titulo Mani indica
que o seu portador é um chefe, uma pessoa indicada a resolver os problemas
jurídicos da comunidade ou qualquer outro problema dos cidadãos da comunidade e
representante dos ancestrais que são um dos principais governante da
comunidade.
De acordo com
Jan Van Wing (citado por Patrício Batsikama) escreve no seu livro Etudes Bakongo I que, até no século XIX,
os Ambundu vinham resolver os
problemas jurídicas e/ou outras discussões em Mbâzi’a Nkânu, a capital do
NTÔTIL’A KONGO (2010: 107).
No Kongo é comum
ajustar as partículas MA de MANI ou NE de MWENE, ao nome da aldeia com o
proposito de se conhecer o responsável pelo território. Como por exemplo:
Mani-Soyo, Mani-Mpumbu, Mani-Kongo e etc.
Segundo Itana
Mutarere, fez um resumo (na integra) de suas pesquisas sobre Mani Njila e Mani
Kongo, contidas no livro do Tata Nkasuté, Estudos da Mitologia Bantu, pág 34 a
36.
“MANI NJILA – Senhores dos
Caminhos. No Reino de Matamba e nas regiões próximas, quando os grupos viajavam
em busca de caça ou melhor habitat, dois Chefes eram designados para cada
grupo. Um seguia na frente ( o Mussenga) e o outro na retaguarda (o Kikinda);
ambos levavam pós, ervas, amuletos, com os quais encantavam as feras protegendo
o grupo. Tinham como hábito religioso fazer colares de ovos de perdiz, os quais
eram confeccionados sob grande feitiço para lhes aumentar a coragem. Aquele que
encontrava um coelho, uma lebre, uma codorniz, ou qualquer outro animal tímido
no caminho, era promovido naquela campanha. Além disso, podia usar um tapa-sexo
confeccionado com o couro do animal e enfeitar-se com as penas. Suas armas mais
poderosas eram o feitiço, venenos nas setas de suas flexas, alfanjes, facas e
lanças de ferro.
KONGO NJILA – títulos reservado aos grandes guerreiros do Kongo. apresentavam-se nus, porém os mais aguerridos usavam peles das feras que dominavam e enfeitavam-se com lindas penas de aves de bom augúrio. Muitos eram horrivelmente deformados e pintados. Suas armas eram: arco e flexas, espadas, facas, alfanjes de ferro ou madeira e grandes escudos. A destreza na luta, a disciplina e extrema coragem garantiam a proteção do Mani-Congo”.
KONGO NJILA – títulos reservado aos grandes guerreiros do Kongo. apresentavam-se nus, porém os mais aguerridos usavam peles das feras que dominavam e enfeitavam-se com lindas penas de aves de bom augúrio. Muitos eram horrivelmente deformados e pintados. Suas armas eram: arco e flexas, espadas, facas, alfanjes de ferro ou madeira e grandes escudos. A destreza na luta, a disciplina e extrema coragem garantiam a proteção do Mani-Congo”.
Como podemos
observar nos parágrafos referentes ao titulo de MANI, no Reino do Kongo, nos
leva a uma porcentagem maior do povo Ova-Mbo ser uma das origens do Nkisi
Mavambo, principalmente o paragrafo explicando o ajustamento das partículas MA
de MANI, onde podemos observar essa partícula ajustada na palavra Mavambo, e os
parágrafos resumidos pela Itana Mutarere sobre Mani Njila e Kongo Njila, que
fortificou mais a sua origem.
Mavambo =
Ma-Vambo = Mani-Vambo = Ova-Mbo = O Senhor do Caminho que liga os povos Ova-Mbo
aos povos do Kongo, ou seja, o Senhor do Caminho que liga Angola a região
Kongo.
Mavambo é
conceituado um Nkisi dos caminhos, guardião das aldeias e caminhos, com forte
ligação com os Ancestrais e Antepassados, está ligado ao fogo, ao barro, a
terra, principalmente com Mukumbi. Também é detentor do poder jurídico, da
guerra e da caça.
Grande abraço aos amigos e irmãos!
Tata Kitalehoxi!
Makoiu....
ResponderExcluirTatetu, parabéns pelo seu blogg, tenho aprendido muito aqui, obrigado!
Lendo sobre este tema ficou uma duvida a respeito de Mavambo e Nkosi Mavambo.
Segundo algumas pesquisas Nkosi Mavambo é um Nkinsi criado por Nzambi a partir da energia de Pambu Njila e Nkosi.
Mavambo é um Nkisi que nasce dos montículos de barro deixado por Nkosi após seu sono.
Devido a dadas semelhanças ou melhor dizendo caminhos/qualidades é que eu lhe deixo essa pergunta:
Nkosi Mavambo é o mesmo Mavambo?
Poderia esclarecer?
Mais uma vez o meu muito obrigado.
Fico no aguardo da vossa resposta.
Atenciosamente,
Angelo