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quinta-feira, 9 de maio de 2013

A ORIGEM SOBRE AS MASCARAS DOS AKIXI



Xafwanandenda era mwata de uma grande aldeia. Tinha sob o seu domínio imensa gente, grandes mayanga (caçadores) e os melhores twa (cães de caça) de toda a região. Os nganga a mukanda (homens que fazer a circuncisão) da txihunda (aldeia) de Xafwanandenda eram muito afamados. Toda a gente os mandava chamar mais os seus ilombota (ajudantes da circuncisão ) para que interviessem nas suas festas de mukanda. A razão disso era porque Xafwanandenda foi quem, entre os Lundas, começou pela primeira vez a fazer a circuncisão.

Nesta época ainda não havia mascarados. Porem, um dia, uma mulher da aldeia, de nome Natxifwa, para amedrontar o filho que queria acompanhá-la ao rio onde ia buscar água numa cabaça, desenhou uns olhos sobre ela e voltando-se para o filho disse: - tu não podes ir comigo porque no lwiji (rio) há pessoas assim. – E mostrava a cabaça onde estavam desenhados os olhos. O miúdo ao ser tal, amedrontou-se e foi esconder-se no interior da nzuwo (casa). E a mulher foi descansada buscar água ao rio onde contou o sucedido a outras suas amigas que passaram a adotar o mesmo sistema.

Assim as mulheres passaram a manter os seus filhos em respeito, acontecendo o mesmo com maior parte dos homens, que passaram a temer as mulheres, alegando que tinham feitiço. Xafwanandenda via o poder dos homens decrescer em beneficio do das mulheres. Um dia foi ao yambu (mato) e  encontrou uma enorme cabaça redonda com grandes olhos em fenda, uma boca com dentes salientes, toda coberta de rede e dos lados saiam-lhe grandes cornos. Atemorizado, quis fugir, mas a cabaça falou-lhe:
- Não tenhas medo, não sou txipupu (alma do outro mundo), eu sou teu mukulu (antepassado) e sei também que andas muito preocupado com o que está acontecendo com as mulheres da tua aldeia.

- O que hei-de fazer? – inquiriu Xafwanandenda.                                                         

- Olha – e apontava para outra cabaça -, pega nela, faz-lhe olhos, boca e nariz, cobre-a com rede e coloca-a no rosto. Depois disto cobre-te de folhas e capim e aparece na ixata (recinto só para homens) da tua aldeia.
Todos virão ver-te e então dirás que representas os myata akulu (chefes antigos) e que de hoje para o futuro toda a mulher que for apanhada com cabaças em forma de máscaras sofrerá o castigo dos makulwana (grandes) já falecidos. Depois, reunirás todos os homens, com excepção dos twanuke (rapazes não-circuncidados), e explicará que o teu segredo não pode ser revelado as mulheres e crianças. Desta forma, estou certo, acabarás com o poderio das mulheres.

- Mas porque hei-de pôr este objeto no rosto? – perguntou Xafwanandenda.
- Se a puseres na tua face, passarás a ser mukixi (espírito) e serás como os teus makulwana que vive no mundo dos yizuli (das sombras). Não tem a face de homens, pois morreram e foram ter com Kalunga nyi Nzambi (Deus Supremo).

Xafwanandenda assim fez, e, na realidade, os homens passaram a reunir-se na floresta: mascaravam-se, dançavam e imolavam animais em honra dos antepassados falecidos. Algumas vezes dançavam a volta de uma grande cabaça coberta de rede, com olhos, nariz e boca pintados, a qual representa os makulwana já falecidos. Se alguma mulher ou criança se aproximava do local, corria esbaforida, indo esconder-se na sua cubata ou nos sítios mais recônditos do mato.

Por aquela época, realizava-se na sanzala de Xafwanandenda uma grande mukanda, mas os homens encarregados dos tundandji (iniciados), os yiembwoka ou yilombola, tinham muita difiuldade em obter comida quando a pediam nas sanzalas. Reunindo-se, os homens resolveram que os yilombola deviam aparecer nas aldeias mascarados. Assim se fez e, quando as mulheres e crianças viam os mascarados, fugiam a sete pés. Então, os yilombola roubavam comida que levavam para o acampamento da circuncisão.

Fonte: Akixi / Mascarados do Nordeste de Angola

Um grande abraço aos amigos!
Tata Kitalehoxi!

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